27 de outubro de 2009 @ 22:54:00h

O mito da cerca elétrica

Sábado era pra ser um dia maravilhoso: noite bem dormida, acordando na hora certa para chegar em tempo à aula prática de fotografia, namorado sonolento do lado me enchendo de beijinhos mais sonolentos ainda de bom dia e feliz 2.4 - e sendo retribuido, claro - e mais à noite, festerê com os chegados que dessem as caras... Bah, um belo sinônimo próximo de perfeição! Acontece que abri a janela e pairava sobre a cidade aquela nuvem cinza, e por mais que eu ame dias nublados, sábado em especial foi meio que... Um choque. Literalmente.

Faculdade? Ok. Sobrevivi, mas com aquela sensação de que algo daria errado. Apesar do péssimo tempo para fotografar, tudo fluiu tranquilo (e das 28 fotos batidas, poucas se salvaram) até a volta pra casa. Chuvisco de molhar bobo, bem cafajeste mesmo. O trajeto da faculdade até minha casa é curto, só é preciso atravessar duas ruas, mas foi o suficiente pra olhar pra minha roupa ao chegar na porta do prédio e dizer: tô parecendo um pintinho molhado. Naquele momento o que eu mais queria era um banho quente, meu secador, minha chapinha, roupa sequinha, um kebab e cair na cama, planos e sonhos que ruíram assim, no primeiro toque do celular.

Era minha mãe, perguntando se eu tinha esquecido do almoço. Eu disse que não e que logo logo eu estaria chegando ao restaurante, o que era uma baita mentira dado meu estado calamitoso. Tentei convencê-la de cancelar a função, mas falhei outra vez. E ela repetiu duas vezes, de forma audível, que eu teria de ir a pé porque ela não tinha dinheiro sobrando para pagar meu táxi. Se não fosse pela chuva desorientada, subir três quadras via expresso canelinha nem seria problema! Não seria problema nem caminhar na chuva se isso não resultasse em entrar no recinto completamente encharcada. Fui me arrumar e assim que fiquei pronta, saí porta afora antes que a louca da minha progenitora resolvesse explodir meu celular de tanto que ligava e tinha a chamada ignorada no segundo toque.

Não lembro porque diabos tive que voltar ao apartamento depois de descer as escadas e dar tchauzinho pro sensor de movimento do hall, o que acabou acionando o alarme nada discreto do prédio. Voltei, desativei o gritão e subi para pegar a porcaria da sombrinha. E aquela vozinha dizendo "vai dar merda" desde que abri a persiana não me largava de jeito nenhum, e a cada degrau e cada botãozinho apertado do painel eu contava os segundos para me livrar dela sequer em plena consciência disso.

Ao chegar no portão, percebi que não tinha apertado o maldito botãozinho vermelho do interruptor para abri-lo. Quando apoiei a sombrinha no ombro, com o gancho "estrategicamente" enganchado no antebraço, me veio aquela sensação que percorreu da ponta dos dedos até o coração, causando um pulo enorme e involuntário para trás. Maldito botão do portão, maldita chave virada, maldito malabares com a sombrinha quase do tamanho da minha perna.

Pronto, a merda estava feita: descobri que a cerca elétrica nas grades do prédio não é para bonito e nem para espantar ladrãozinho que resolve bancar o esperto. É, na verdade, repelente de gente idiota, tipo eu.  Após o ocorrido o dia foi tranquilo, e até São Pedro desligou um pouco o chuveiro! Ponto positivo? Não precisei esperar a sensação ruim passar, aconteceu e ponto. Descarga elétrica é tudo nessa vida! Vou enfiar a sombrinha ali mais vezes, tanto para por a cerca em uso quanto para exorcizar o desnecessário.

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